terça-feira, 16 de outubro de 2012

Anencefalia II

            

                   Infelizmente, em abril do corrente ano, o Supremo Tribunal Federal, órgão máximo responsável pela interpretação do Direito Constitucional em nosso país, por 8 votos a 2, decidiu que não é crime o arboto do feto anencéfalo.
                    Esta questão poderá voltar a ser debatida, mas, provavelmente o será daqui há muitos e muitos anos e quando o Tribunal tiver uma nova composição.
                    Basta a nós pedirmos que, de alguma forma ( se é que é possível), a anencefalia não seja identificada durate a gestação, permitindo-se que estas crianças nasçam.
                     Questiono-me se os Ministros do Supremo Tribunal Federal teriam votado a favor do aborto do anencéfalo se tivessem visto o vídeo abaixo?
 
 

Anencefalia

ANENCEFALIA

Joanna de Ângelis

(Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na reunião
mediúnica da noite de 11 de abril de 2012, no Centro Espírita Caminho da
Redenção, em Salvador, Bahia, quando os Ministros do Supremo Tribunal de
Justiça, julgavam do aborto do anencéfalo, em Brasília DF)



Nada no Universo ocorre como fenômeno caótico, resultado de alguma desordem
que nele predomine. O que parece casual, destrutivo, é sempre efeito de uma
programação transcendente, que objetiva a ordem, a harmonia.

De igual maneira, nos destinos humanos sempre vige a Lei de Causa e Efeito,
como responsável legítima por todas as ocorrências, por mais diversificadas
apresentem-se.

O Espírito progride através das experiências que lhe facultam desenvolver o
conhecimento intelectual enquanto lapida as impurezas morais primitivas,
transformando-as em emoções relevantes e libertadoras.

Agindo sob o impacto das tendências que nele jazem, fruto que são de
vivências anteriores, elabora, inconscientemente, o programa a que se deve
submeter na sucessão do tempo futuro.

Harmonia emocional, equilíbrio mental, saúde orgânica ou o seu inverso, em
forma de transtornos de vária denominação, fazem-se ocorrência natural dessa
elaborada e transata proposta evolutiva.

Todos experimentam, inevitavelmente, as consequências dos seus pensamentos,
que são responsáveis pelas suas manifestações verbais e realizações
exteriores.

Sentindo, intimamente, a presença de Deus, a convivência social e as
imposições educacionais, criam condicionamentos que, infelizmente, em
incontáveis indivíduos dão lugar às dúvidas atrozes em torno da sua origem
espiritual, da sua imortalidade.

Mesmo quando se vincula a alguma doutrina religiosa, com as exceções
compreensíveis, o comportamento moral permanece materialista, utilitarista,
atado às paixões defluentes do egotismo.

Não fosse assim, e decerto, muitos benefícios adviriam da convicção
espiritual, que sempre define as condutas saudáveis, por constituírem
motivos de elevação, defluentes do dever e da razão.

Na falta desse equilíbrio, adota-se atitude de rebeldia, quando não se
encontra satisfeito com a sucessão dos acontecimentos tidos como
frustrantes, perturbadores, infelizes...

Desequipado de conteúdos superiores que proporcionam a autoconfiança, o
otimismo, a esperança, essa revolta, estimulada pelo primarismo que ainda
jaz no ser, trabalhando em favor do egoísmo, sempre transfere a
responsabilidade dos sofrimentos, dos insucessos momentâneos aos outros, às
circunstâncias ditas aziagas, que consideram injustas e, dominados pelo
desespero fogem através de mecanismos derrotistas e infelizes que mais o
degrada, entre os quais o nefando suicídio..

Na imensa gama de instrumentos utilizados para o autocídio, o que é
praticado por armas de fogo ou mediante quedas espetaculares de edifícios,
de abismos, desarticula o cérebro físico e praticamente o aniquila...

Não ficariam aí, porém, os danos perpetrados, alcançando os delicados
tecidos do corpo perispiritual, que se encarregará de compor os futuros
aparelhos materiais para o prosseguimento da jornada de evolução.

É inevitável o renascimento daquele que assim buscou a extinção da vida,
portando degenerescências físicas e mentais, particularmente a anencefalia.

Muitos desses assim considerados, no entanto, não são totalmente destituídos
do órgão cerebral.

Há, desse modo, anencéfalos e anencéfalos.

Expressivo número de anencéfalos preserva o cérebro primitivo ou reptiliano,
o diencéfalo e as raízes do núcleo neural que se vincula ao sistema nervoso
central…

Necessitam viver no corpo, mesmo que a fatalidade da morte após o
renascimento, reconduza-os ao mundo espiritual.

Interromper-lhes o desenvolvimento no útero materno é crime hediondo em
relação à vida. Têm vida sim, embora em padrões diferentes dos considerados
normais pelo conhecimento genético atual...

Não se tratam de coisas conduzidas interiormente pela mulher, mas de filhos,
que não puderam concluir a formação orgânica total, pois que são resultado
da concepção, da união do espermatozoide com o óvulo.

Faltou na gestante o ácido fólico, que se tornou responsável pela ocorrência
terrível.

Sucede, porém, que a genitora igualmente não é vítima de injustiça divina ou
da espúria Lei do Acaso, pois que foi corresponsável pelo suicídio daquele
Espírito que agora a busca para juntos conseguirem o inadiável processo de
reparação do crime, de recuperação da paz e do equilíbrio antes destruído.

Quando as legislações desvairam e descriminam o aborto do anencéfalo,
facilitando a sua aplicação, a sociedade caminha, a passos largos, para a
legitimação de todas as formas cruéis de abortamento.

...E quando a humanidade mata o feto, prepara-se para outros hediondos
crimes que a cultura, a ética e a civilização já deveriam haver eliminado no
vasto processo de crescimento intelecto-moral.

Todos os recentes governos ditatoriais e arbitrários iniciaram as suas
dominações extravagantes e terríveis, tornando o aborto legal e culminando,
na sucessão do tempo, com os campos de extermínio de vidas sob o açodar dos
mórbidos preconceitos de raça, de etnia, de religião, de política, de
sociedade...

A morbidez atinge, desse modo, o clímax, quando a vida é desvalorizada e o
ser humano torna-se descartável.

As loucuras eugênicas, em busca de seres humanos perfeitos, respondem por
crueldades inimagináveis, desde as crianças que eram assassinadas quando
nasciam com qualquer tipo de imperfeição, não servindo para as guerras, na
cultura espartana, como as que ainda são atiradas aos rios, por portarem
deficiências, para morrer por afogamento, em algumas tribos primitivas.

Qual, porém, a diferença entre a atitude da civilização grega e o primarismo
selvagem desses clãs e a moderna conduta em relação ao anencéfalo?

O processo de evolução, no entanto, é inevitável, e os criminosos legais de
hoje, recomeçarão, no futuro, em novas experiências reencarnacionistas,
sofrendo a frieza do comportamento, aprendendo através do sofrimento a
respeitar a vida…

Compadece-te e ama o filhinho que se encontra no teu ventre, suplicando-te
sem palavras a oportunidade de redimir-se.

Considera que se ele houvesse nascido bem formado e normal, apresentando
depois algum problema de idiotia, de hebefrenia, de degenerescência,
perdendo as funções intelectivas, motoras ou de outra natureza, como
acontece amiúde, se também o matarias?

Se exercitares o aborto do anencéfalo hoje, amanhã pedirás também a
eliminação legal do filhinho limitado, poupando-te o sofrimento como se
alega no caso da anencefalia.

Aprende a viver dignamente agora, para que o teu seja um amanhã de bênçãos e
de felicidade.

sábado, 13 de outubro de 2012

Cousas das Trevas


                            Cornélio Pires, nasceu em Tietê, São Paulo, em 1884, foi escritor, compositor, conferencista, jornalista, contador de causos, folclorista e poeta. Tornou-se espírita ainda em vida e, após retornar à pátria espiritual,  continuou, através da mediunidade de Chico Xavier, a escrever vários livros. Numa linguagem fácil e prazerosa, tratou do aborto no seguinte causo intitulado cousas das trevas:

Em carta você pergunta
Minha irmã Zina Belém,
O que se pensa do aborto
Na vida do Grande Além.

Desejaria falar
Em verbo claro e graúdo!...
Só sei dizer que onde moro
Aborto complica tudo.

Muitos prometem dar corpo
A credores e a colegas.
Nascem, crescem... Mas depois,
Caminham vivendo às cegas.

Espíritos recusados
Na fúria louca em que estão
Promovem desequilíbrio,
Conflito, perturbação.

E a Lei que tudo corrige
Perante o aborto ilegal
Entrega o problema à dor
Extraindo o bem do mal.

Pode crer: mancha de culpa
Na roupa do pensamento,
Somente desaparece
Com o sabão do sofrimento.

Olhe a tragédia de Ertúzia
Prometeu corpo a Joaquim,
Fugiu do trato, mas hoje
Sofre doenças sem fim.

Téo praticou muito aborto,
Em pobres moças da roça,
Depois entrou na bebida,
Caindo de fossa em fossa.

Dona Helena do Lagedo
Fez os abortos que quis,
Morreu e tornou à Terra
Doente, triste e infeliz.

Lili fez muitos abortos...
Desencarnou em Portela..
Quer nascer... Pede socorro,
Mas o povo corre dela.

Outra arrasava os pequenos
A jorros de água fervente,
E Tuta que, alucinada,
Só vê crianças à frente.

Belinha nasceu no mundo
Para dar corpo ao Libório,
Depois de expulsá-lo a ferros,
Rumou para o sanatório.

Por aborto, lá se foi
Aninha do Desidério...
Da parteira Dona Cissa
Passou para o necrotério.

Tina expulsou quatro vezes,
O espírito de João Róssi,
Logo após, caiu de cama,
Morreu de câncer precoce.

Teotônia fez vinte abortos
Em várias moças da Estaca...
Morreu e voltou ao mundo
Trazendo a cabeça fraca.

Amargosa provação
A de Ninhanha Ventura,
Seis abortos, seis problemas,
Obsessão e loucura.

Muito espírito conheço
Que sonhava paz e amor,
Que não podendo ser filho
Tornou-se perseguidor.

Cada qual é responsável
No amor que aceita ou que alcança;
Compromisso a cada um,
Mas que se poupe a criança.

Maternidade é tarefa,
Luminoso compromisso,
Um filho é bênção de Deus,
Não proteste, pense nisso.

Quando o aborto é indispensável
Tem a justa explicação,
Mas fora desse caminho
Aborto é perturbação.

Minha irmã, fuja do aborto,
Se um filho é a bênção que levas...
Aborto desnecessário
É sempre cousa das trevas.[1]

 

 

 

 



[1] XAVIER, Francisco Cândido. Retratos da Vida. Pelo Espírito Cornélio Pires. IDE. Capítulo 13.
 

domingo, 7 de outubro de 2012

Uma Amarga Confissão

 

 
            Confesso que ao vasculhar textos sobre o aborto  fiquei sensibilizada com a confissão de uma mulher desaventurada que, com a expulsão de seu filhinho, atraiu para sua vida grande sofrimento em razão do remorso inevitável. Um alerta para todos nós sobre as consequências terríveis do tresloucado ato. Segue o relato:
"Sou mulher como você o é e o desconhecimento das leis da vida, me levou a cometer um dos erros mais desgraçados que uma mulher pode cometer. Hoje assim o compreendo.
Quando os conhecimentos que a ciência proporciona vieram trazer a luz em minha vida, horrorizei-me comigo mesma; acabei de dar conta de que não me haviam informado com a verdade, quando me disseram que somente um conjunto de células seria extirpado, sem que tivesse nenhuma conseqüência, nem material nem psíquica, no curso da vida. Como diz bem o adágio popular! "Olhos que não vêem, coração que não sente"... Os olhos do meu entendimento não viam a vida que se agitava em meu ser e por isso a desprezei.
Hoje não posso deixar de pensar... Quando vejo uma criança pequena, o coração se me estremece ante tão nefasta recordação.
Por isto que lhe confesso e que tão caro é em minha vida, lhe digo:
— Jamais se apresse a tomar uma decisão como a que eu tomei, porque não a esquecerá nunca, por muitos anos que lhe conceda a vida e quando chegue a ouvir o pranto de uma criança, este a sacudirá desde as entranhas até ao coração, como me acontece hoje.
Queira Deus que esta minha amarga experiência a contenha em uma situação semelhante; perdoe por não assinar meu nome..., não o poderia fazer."
 

Visão Espírita sobre o Aborto


           A Doutrina Espírita trata clara e objetivamente a respeito do abortamento, na questão 358 de sua obra básica O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec:

Pergunta - Constitui crime a provocação do aborto, em qualquer período da gestação?

Resposta - "Há crime sempre que transgredis a lei de Deus. Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, por isso que impede uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando."

Sobre os direitos do ser humano, foi categórica a resposta dos Espíritos Superiores a Allan Kardec na questão 880 de O Livro dos Espíritos :

Pergunta - Qual o primeiro de todos os direitos naturais do homem?

Resposta - "O de viver. Por isso é que ninguém tem o direito de atentar contra a vida de seu semelhante, nem de fazer o que quer que possa comprometer-lhe a existência corporal."
               Não resta dúvida que a doutrina espírita considera o aborto voluntário um crime e dos mais cruéis, pois praticado contra quem não tem possibilidade de esboçar qualquer defesa.
               Por isso, antes de praticar este ato insano, não pensem duas vezes em optar pela preservação da vida. As consequências de um aborto muitas vezes são trágicas, razão pela qual devemos envidar todos os esforços para evitá-las.